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Foto do escritorDanilo Rodrigues

As grades que nos separam

Fortaleza, 10 de dezembro de 2024.

Danilo Rodrigues*



Nessas manhãs calmas

Quando a chuva orvalha as matas

E as nuvens vagueiam pelos prados

Tua ausência me desarma

E a memória de teu sorriso me perpassa


Crédito da imagem: Wix.

E enquanto o café, quente e amargo,

Desenrolando fios de fumaça

Aquece o túmulo que se tornou minh'alma

Relembro-me dos idos dias de criança

Onde o teu colo morno

Meu coração de esperança enchia


Hoje, no entanto,

Sinto-me só


O canto dos pássaros a manhã saúda

Como outrora tua voz me despertava

Doce melodia de alento e conforto

E teu corpo quente, hoje distante

Qual sol perdido no espaço errante

Poder ainda tem para guiar meus passos



Crédito da imagem: wix.


Tenho medo, já que pouco me restou da fé

E sei que onde tu habitas

Nesses palácios de amor e bondade

Talvez nunca consiga eu adentrar

Por satisfeito, porém, me dou

Se, segurando as grades que nos separam,

Possa eu a luz de teus olhos vislumbrar

Ou o poder benevolente de tua voz ouvir

E já não hei mais de me ferir

Pois a certeza de tua felicidade me basta

Nada mais hei de procurar que a meu ego satisfaça


Deitarei no verde chão da terra

Qual semente em paciente espera

E, se por clemência ou compaixão,

Os deuses de mim se apiedarem

Hão de pintar um quadro

No qual tua mão macia e morna meu rosto toca

Que mais poderia eu querer nessa imensa obra?


Sorrirei diante de ti

Como em nenhum outro momento de minha vida

Banhado por lágrimas de felicidade pura

E, por fim, renascerei

Alimentado por teus olhos de infinita ternura

E aquecido pelo teu divino amor

Cuja essência a tudo resiste

Pelas eras insiste

Fazendo brotar o que em todos há de melhor...


*Danilo Rodrigues é Licenciado em Biologia pela Universidade Regional do Cariri (2009) e em História pela Unicesumar (2021), atualmente é servidor do Instituto Federal de Ciência Educação e Tecnologia(IFCE), onde atua na biblioteca do campus, com atendimento ao corpo docente e discente e desenvolve, junto com o bibliotecário e os demais servidores do setor, atividades de extensão com jogos de RPG de mesa, dentre outros. Escritor amador nas horas vagas e poeta de noites insones. No momento também trabalha, de forma autônoma, na escrita de livros que versam sobre lendas da mitologia nordestina, sobretudo daquelas que habitam o imaginário do vale do Jaguaribe, CE.


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